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favoráveis resulta da ampliação do grau de estímulo
monetário, do ambiente externo relativamente
favorável para economias emergentes e das
perspectivas de melhoria dos fundamentos da
economia brasileira, como resultado da agenda de
reformas e ajustes necessários na economia. Essa
distensão das condições financeiras vem se refletindo
de maneira mais nítida na dinâmica dos mercados de
crédito livre e de capitais, que crescem a taxas robustas
neste momento do ciclo econômico.
13. Os membros do Copom debateram, também,
fatores que poderiam influenciar a atividade
econômica, no contexto dos profundos ajustes
necessários na economia brasileira, especialmente os
de natureza fiscal. Em contexto de espaço fiscal
limitado, enfatizaram a relevância da aprovação da
Reforma da Previdência pelo Congresso Nacional, mas
reforçaram a importância da continuidade do processo
de reformas e ajustes que gerem sustentabilidade da
trajetória fiscal. Ao reduzirem incertezas fundamentais
sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a
trabalhar no mesmo sentido da política monetária e,
portanto, estimular o investimento privado. Esse
potencial efeito expansionista deve contrabalançar
impactos de ajustes fiscais correntes sobre a atividade
econômica, além de mitigar os riscos de episódios de
forte elevação de prêmios de risco.
14. O Copom reiterou o entendimento de que uma
aceleração do ritmo de retomada da economia para
patamares mais robustos também dependerá de outras
iniciativas e reformas microeconômicas que visam ao
aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior
flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de
negócios. Esses esforços são fundamentais para a
retomada da atividade econômica e da trajetória de
desenvolvimento da economia brasileira. Iniciativas na
agenda estrutural do Banco Central (Agenda BC#)
contribuem para esse processo.
15. O Comitê discutiu ainda as características do atual
ciclo econômico, com menor participação do Estado na
economia, e suas possíveis implicações para a atuação
da política monetária. Alguns membros do Copom
destacaram que as mudanças no mercado de crédito e
na intermediação financeira, como o maior papel
desempenhado pelo crédito com recursos livres e pelo
mercado de capitais, podem impactar a transmissão da
política monetária. Os membros do Copom também
refletiram sobre a sensibilidade de variáveis
macroeconômicas à política monetária, uma vez que
faltam comparativos na história brasileira para o atual
grau de estímulo. Tendo em vista que a política
monetária opera com defasagens sobre a economia,
especialmente sobre o nível de preços, os fatores
avaliados tendem a aumentar a incerteza sobre os
canais de transmissão da política monetária.
16. No que tange à conjuntura internacional, os
membros do Copom avaliaram que o cenário segue
relativamente favorável para economias emergentes.
Por um lado, bancos centrais de diversas economias,
incluindo algumas centrais, têm provido estímulos
monetários adicionais, o que contribui para o
afrouxamento das condições financeiras globais. Por
outro lado, os membros do Copom avaliam que os
riscos associados a uma desaceleração da economia
global e a conflitos de natureza geopolítica
permanecem. As incertezas no cenário externo
implicam riscos para ativos cuja precificação dependa
sobremaneira de um cenário com taxas de juros globais
baixas e manutenção do ritmo de crescimento
econômico recente. Nesse contexto, os membros do
Copom voltaram a destacar a capacidade que a
economia brasileira apresenta de absorver revés no
cenário internacional, devido ao seu balanço de
pagamentos robusto, à ancoragem das expectativas de
inflação e à perspectiva de continuidade das reformas
estruturais e de recuperação econômica.
17. Os membros do Copom discutiram as projeções
recentes para a inflação e os níveis de diversas medidas
de inflação subjacente. Avaliaram que estas últimas
encontram-se em níveis confortáveis. As estimativas e
projeções de curto prazo indicam que a inflação
acumulada em doze meses ainda deve ter recuado em
outubro, para níveis ao redor das mínimas observadas
durante o regime de metas para a inflação, voltando a
se elevar ao longo dos últimos meses do ano. Essa
trajetória de curto prazo reflete uma inflação abaixo do
esperado pelo Copom em setembro e revisão, também
para baixo, da projeção referente ao mês de outubro.
Para o último bimestre deste ano, foram revistas as
projeções de alguns preços administrados, que, por sua
vez, compensaram aquelas surpresas desinflacionárias,
mantendo a projeção de inflação estável em relação à
da reunião anterior, no cenário com trajetória para a
taxa Selic extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio
constante.
18. No horizonte relevante para a política monetária, o
cenário com taxa Selic extraída da pesquisa Focus e
taxa de câmbio constante produz inflação abaixo da
meta para 2020 e ligeiramente abaixo da meta para
2021. Em relação à reunião do Copom de setembro, os
condicionantes tiveram efeitos opostos sobre a
inflação para 2020. Por um lado, o estímulo monetário
adicional advindo de taxas de juros mais baixas
contribuiu para a elevação da inflação ao longo do
horizonte relevante. Por outro lado, a antecipação de
alguns reajustes de preços administrados para 2019 e a
redução nas expectativas de inflação da pesquisa Focus
constituíram um vetor na direção oposta, que terminou
por preponderar. Para 2021, em relação à reunião do
Copom de setembro, os principais fatores para a queda
da projeção foram a propagação da inflação mais baixa
projetada para 2020 e revisão em preços
administrados.