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processo de recuperação econômica adiante, de
maneira gradual.
14. Os membros do Copom debateram, também,
fatores que poderiam restringir o crescimento
econômico, no contexto dos profundos ajustes
necessários na economia brasileira, especialmente os
de natureza fiscal. Reiteraram a visão de que a
manutenção de incertezas quanto à sustentabilidade
fiscal tende a ser contracionista. Em especial,
incertezas afetam decisões de investimento que
envolvem elevado grau de irreversibilidade e, por
conseguinte, necessitam de maior previsibilidade em
relação a cenários futuros. Em contexto de espaço
fiscal limitado para investimentos públicos,
enfatizaram a importância de reformas que gerem
sustentabilidade da trajetória fiscal futura. Ao
reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia
brasileira, essas reformas tendem a estimular o
investimento privado. Esse potencial efeito
expansionista deve, em alguma medida, contrabalançar
impactos de ajustes fiscais de curto prazo sobre a
atividade econômica, além de mitigar os riscos de
episódios de forte elevação de prêmios de risco, como
o ocorrido em 2018.
15. O Copom reiterou o entendimento de que uma
aceleração do ritmo de retomada da economia para
patamares mais robustos dependerá, também, de
outras iniciativas que visam ao aumento de
produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade
da economia e melhoria do ambiente de negócios.
Esses esforços são fundamentais para a retomada da
atividade econômica e da trajetória de
desenvolvimento da economia brasileira.
16. No que tange à conjuntura internacional, os
membros do Copom ponderaram que o cenário se
mostra menos adverso. Bancos centrais das principais
economias sinalizaram, com clareza, disposição para
provisão de estímulos monetários adicionais em caso
de necessidade, o que contribuiu para afrouxamento
das condições financeiras globais. Não obstante essa
melhora, os membros do Copom avaliam que os riscos
associados a uma desaceleração da economia global
permanecem e que incertezas sobre políticas
econômicas e de natureza geopolítica podem
contribuir para um crescimento global ainda menor.
Diante das evidências de desaceleração econômica em
vários países, alguns membros do Copom ponderaram
que o ambiente global pode ser fator mais relevante
para a dinâmica da atividade econômica do que o
antevisto. Nesse contexto, voltaram a destacar a
capacidade que a economia brasileira apresenta de
absorver revés no cenário internacional, devido ao seu
balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das
expectativas de inflação e à perspectiva de reformas
estruturais e de retomada, adiante, do processo de
recuperação econômica.
17. Os membros do Copom discutiram as projeções
recentes para a inflação e os níveis de diversas medidas
de inflação subjacente. Avaliaram que estas últimas
encontram-se em níveis apropriados. No que tange às
projeções de mais curto prazo, pontuaram que o recuo
da inflação de alimentos e movimentos recentes
favoráveis nos preços de combustíveis e de energia
elétrica tendem a produzir inflação mais baixa do que o
previsto anteriormente. Essas revisões explicam parte
substantiva da queda nas projeções condicionais para o
IPCA de 2019. No horizonte relevante para a política
monetária, que inclui principalmente o ano-calendário
de 2020, os cenários com taxas de juros constantes
produzem inflação um pouco abaixo da meta para
2020, enquanto os cenários com trajetória de juros
extraída da pesquisa Focus, que embutem provisão de
estímulos monetários adicionais, produzem inflação em
torno da meta.
18. Os membros do Copom debateram então a
evolução, desde sua reunião anterior, dos fatores
destacados em seu balanço de riscos em torno do
cenário básico para inflação. Todos concordaram que o
balanço de riscos evoluiu de maneira favorável. Não
obstante, ressaltaram que a consolidação do cenário
benigno refletido nas expectativas de inflação e nas
projeções condicionais acima reportadas depende do
andamento das reformas e ajustes necessários na
economia brasileira, que são fundamentais para a
manutenção do ambiente com expectativas de inflação
ancoradas. Uma eventual frustração das expectativas
sobre a continuidade dessas reformas e ajustes pode
afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação
no horizonte relevante para a política monetária. O
Comitê avalia que, neste momento, esse é o fator
preponderante em seu balanço de riscos.
19. O Copom avalia que a conjuntura econômica com
expectativas de inflação ancoradas, medidas de
inflação subjacente em níveis apropriados, projeções
que indicam inflação em 2020 em torno ou um pouco
abaixo da meta e elevado grau de ociosidade na
economia prescreve política monetária estimulativa, ou
seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. A
taxa de juros estrutural é um ponto de referência para
a condução da política monetária. Quando essa política
produz uma taxa de juros real (ex-ante) aquém da taxa
estrutural, ela provê estímulos para a atividade
econômica e contribui para um aumento da inflação.
Como a taxa estrutural não é observável e a atividade
econômica e a inflação dependem de diversos outros
fatores, estimativas dessa taxa envolvem elevado grau
de incerteza e são continuamente reavaliadas pelo
Comitê. Não obstante, os membros do Copom avaliam
que as atuais taxas de juros reais ex-ante têm efeito
estimulativo sobre a economia. Essa avaliação não é
inconsistente com o desempenho da economia aquém
do esperado, posto que a atividade econômica sofre
influência de diversos outros fatores, conforme
destacado acima.